sábado, 3 de janeiro de 2015

Sobre a adolescência


Quando eu tinha uns 15 anos eu adorava entrar em chats de internet e falar com completos estranhos. Calma, isso não é apenas uma confissão de momentos embaraçosos da adolescência. Tínhamos discussões bacanas de ideias...até as pessoas descobrirem minha idade.

"Ah, você tem apenas 15 anos! Muito madura para a sua idade, mas tão novinha" . Geralmente essas pessoas não voltavam a falar comigo. 

Eu ficava muito chateada! Não entendia, desde quando ser mais velho era sinônimo de inteligência e ser mais novo sinal de ignorância?

Prometia a mim mesma que quando eu "crescesse" iria provar que eu poderia até ter vivido mais, mas que era legítimo que eu discutisse qualquer assunto quando tinha 15 anos.

Bom, no mês que vem completo 27 anos (!!!) e me lembro desse sentimento. Cheguei à conclusão de que o orgulho típico que via nos jovens adultos com os quais conversava, também chegou aqui. Sim, vivi muito e sei mais que sabia naquela época, mas fico feliz em reconhecer esse orgulho a tempo de tratá-lo. 

Foi lendo livros de autoras bem jovens que vi o que tinha me tornado. Com certeza aquela menina que sentava de madrugada ao computador (internet a cabo nem existia ainda em casa) com o boné azul virado para trás não acreditaria que ela poderia vir a se tornar isso. 

Nós, os adultos, amamos dizer que não suportamos adolescentes. Ok, eles são chatos às vezes mesmo, mas há algo de mágico com essa fase da vida,  e eu sabia disso desde que me encontrava lá.

Ser adolescente, na verdade, é muito difícil. O que está acontecendo com o seu corpo? Como controlar mãos e pés, com braços e pernas que esticaram tão rapidamente? Para os meninos, imagino que a voz deva ser uma das mudanças mais estranhas. E os hormônios? Onde eles estavam há uma década...digo, há cinco anos? O que é isso que está acontecendo? 

Você, por mais que não acredite, ainda é dependente. Mesmo que trabalhe, dificilmente teria dinheiro para se sustentar sozinho, e nem é legalmente autorizado a fazer isso. Seus pais, aqueles seres que parece que, de repente, passaram a ser as pessoas que mais sabiam de tudo a criaturas que não entendem nada da vida, ainda são os responsáveis pela sua pessoa.

Será que é isso? Uma faculdade, emprego, casamento, esses marcos da vida adulta, é tudo o que precisa para que nos tornemos adultos chatos e arrogantes?

Eis aqui um aviso, Dani de 15 anos:

Não, você não sabe o tanto que acha que sabe. Ainda terá experiências que mudarão para sempre sua forma de ver e viver a vida. Mas nunca acredite que sabe tão pouco quanto aquelas pessoas dizem que você sabe. Para falar a verdade, nessa pouca idade você já vivenciou situações que muitos deles jamais viverão na vida. 

Continue vencendo os argumentos, aliás, você não faz ideia do quanto eles ficam irritados com isso. Infelizmente, porém, muitos vão continuar achando que são melhores que você pelo simplesmente fato de terem nascido alguns anos à sua frente.

A mágica da adolescência é justamente não precisar provar nada a ninguém. Talvez nós, os adultos, é que tenhamos que aprender com esses seres irritantes e intransigentes, os adolescentes.

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